sábado, 12 de março de 2011

"Ir de caldeirinha"

Ti Rabeca era um camponês, já entradote, simpático que morava nas traseiras dum familiar meu. Sempre que ia visitá-lo era frequente encontrar esta figura genuína e brincalhona. Como estava sempre bem disposto e humorado, aproveitava logo a ocasião para dizer uma chalaça das suas. Num domingo à noite era uma altura pouco recomendável para se andar pelas ruas da aldeia, devido ao excesso de consumo de vinho tinto, "virado", de certeza, se fosse no verão. Entrei numa taberna, das muitas que por lá existiam, deparei-me com o campesino, e verifiquei que tinha bebido uns copitos a mais que a conta. Estava cambaleante e mal se aguentava em cima das pernas. Era uma situação de risco, pois uma queda nestas idades pode ser fatal. Eu, mais um outro sóbrio freguês do estabelecimento, tomámos a iniciativa de o levar à "caldeirinha", à sua precária habitação, em segurança e onde a sua mulher já o esperava. Claro que ele não andava. Simplesmente era arrastado por nós os dois, não com muita dificuldade, porque ele, e a maioria das pessoa nessa altura, não sofriam dessa quase desconhecida doença chamada obesidade. Chegados a casa, esperávamos abalar sem nos depararmos com qualquer situação menos agradável. Engano nosso. Ao sairmos, fomos violentamente insultados pelo Ti Rabeca, que nos acusava de o levarmos a casa sem qualquer justificação, sentindo-se ele em perfeitas condições para se deslocar sozinho e que lhe faltava ainda beber um não sei quanto número de copos de tinto... Ora toma!!!!!!!!!!

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